A Istoé publica na edição qu circula hoje uma entrevista imperdível de Lula. Franca, sincera, numa linguagem que corresponde a um discurso sincero, sem rebuscamentos e até com as expressões que a gente usa numa conversa entre amigos. Por conta dos compromissos de campanha, não posso comentá-la, mas recomendo sua leitura na íntegra na página da revista ou aqui, onde reproduzo em uma só parte para simplificar a leitura.
Ao lê-la, lembrei de uma frase que ouvi de Leonel Brizola: “eu uso as palavras para revelar meu pensamento, não para escondê-lo”.
Reproduzo apenas um trechinho em que ele fala sobre como ele demonstra claramente que, nas decisões de economia, embora ouvidos os técnicos, é política a decisão. Lula interferiu diretamente em duas decisões do Banco do Brasil e, com isso, atropelou o pessoal da “roda presa” que temia a ousadia ddas ações que levaram de novo o Banco para a primeira posição no mercado, que ele havia perdido para o Bradesco e para o Itau.
Os hipócritas dirão que isso é intervenção política. Agora imagine só se numa empresa privada o presidente ficar necessariamente preso à visão do brutocrata de segundo escalão que, “tecnicamente”, opina sempre contra a ousadia? A empresa ia se conduzir sempre no rame-rame da burocracia e não iria a lugar nenhum, exceto para o buraco, no longo prazo.
Veja só:
ISTOÉ – Há um temor no meio empresarial de um futuro governo da Dilma ser mais estatizante que o seu.
Lula – Não há essa hipótese. Eu conheço bem a Dilma e sei o que ela pensa. Obviamente que nós não queremos ser estatizantes, mas também não vamos carregar a pecha que nos imputaram nos anos 80, quando se dizia que o Estado não valia nada e que o mercado era o Deus todo-poderoso. Essa crise americana mostrou que o mercado é frágil, é corrupto e que quem tinha o Estado mais forte salvou-se primeiro. No caso do Brasil, se não tivéssemos o Banco do Brasil, como é que a gente iria comprar a carteira de financiamento de carro usado do Votorantim? Eu cheguei para o Banco do Brasil e para o companheiro Guido Mantega (ministro da Fazenda) e disse: “Companheiros, nós não podemos deixar quebrar as finanças de carro usado, porque se não vender carro usado não tem compra de carro novo.” Eu perguntei para o Dida (presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine): “Como o Banco do Brasil está? Pode financiar carro usado?” “Ah! Nós não temos expertise, presidente.” Eu perguntei, o que a gente faz então? “A gente tem que formar.” Que formar, o quê! Não temos tempo de formar, a crise está aqui, batendo à porta. Vamos comprar de quem tem. O Votorantim tem, quer vender? Então compramos 50% da expertise do Votorantim. Acabou o problema. O Serra queria vender a Caixa Econômica Estadual. Começaram a falar para mim: “Você não pode comprar, porque o Serra é candidato, é adversário, o Serra vai juntar muito dinheiro para a campanha.” Eu disse: vocês são doidos! Acham que, por causa da campanha do Serra, vou deixar de comprar um banco que permitirá que o Banco do Brasil volte a ser o maior do País? Quem vai fiscalizar o dinheiro do Serra é a Justiça Eleitoral, não serei eu. Nós vamos comprar. E compramos.
Ao lê-la, lembrei de uma frase que ouvi de Leonel Brizola: “eu uso as palavras para revelar meu pensamento, não para escondê-lo”.
Reproduzo apenas um trechinho em que ele fala sobre como ele demonstra claramente que, nas decisões de economia, embora ouvidos os técnicos, é política a decisão. Lula interferiu diretamente em duas decisões do Banco do Brasil e, com isso, atropelou o pessoal da “roda presa” que temia a ousadia ddas ações que levaram de novo o Banco para a primeira posição no mercado, que ele havia perdido para o Bradesco e para o Itau.
Os hipócritas dirão que isso é intervenção política. Agora imagine só se numa empresa privada o presidente ficar necessariamente preso à visão do brutocrata de segundo escalão que, “tecnicamente”, opina sempre contra a ousadia? A empresa ia se conduzir sempre no rame-rame da burocracia e não iria a lugar nenhum, exceto para o buraco, no longo prazo.
Veja só:
ISTOÉ – Há um temor no meio empresarial de um futuro governo da Dilma ser mais estatizante que o seu.
Lula – Não há essa hipótese. Eu conheço bem a Dilma e sei o que ela pensa. Obviamente que nós não queremos ser estatizantes, mas também não vamos carregar a pecha que nos imputaram nos anos 80, quando se dizia que o Estado não valia nada e que o mercado era o Deus todo-poderoso. Essa crise americana mostrou que o mercado é frágil, é corrupto e que quem tinha o Estado mais forte salvou-se primeiro. No caso do Brasil, se não tivéssemos o Banco do Brasil, como é que a gente iria comprar a carteira de financiamento de carro usado do Votorantim? Eu cheguei para o Banco do Brasil e para o companheiro Guido Mantega (ministro da Fazenda) e disse: “Companheiros, nós não podemos deixar quebrar as finanças de carro usado, porque se não vender carro usado não tem compra de carro novo.” Eu perguntei para o Dida (presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine): “Como o Banco do Brasil está? Pode financiar carro usado?” “Ah! Nós não temos expertise, presidente.” Eu perguntei, o que a gente faz então? “A gente tem que formar.” Que formar, o quê! Não temos tempo de formar, a crise está aqui, batendo à porta. Vamos comprar de quem tem. O Votorantim tem, quer vender? Então compramos 50% da expertise do Votorantim. Acabou o problema. O Serra queria vender a Caixa Econômica Estadual. Começaram a falar para mim: “Você não pode comprar, porque o Serra é candidato, é adversário, o Serra vai juntar muito dinheiro para a campanha.” Eu disse: vocês são doidos! Acham que, por causa da campanha do Serra, vou deixar de comprar um banco que permitirá que o Banco do Brasil volte a ser o maior do País? Quem vai fiscalizar o dinheiro do Serra é a Justiça Eleitoral, não serei eu. Nós vamos comprar. E compramos.
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