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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Haroldo Lima: Brasil-China, ótimas perspectivas de investimentos



Por deferência da Administração Geral de Energia da China, coube à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil, por meu intermédio, abrir a Conferência Brasil-China para a Promoção de Investimentos, realizada em Pequim, no dia 26 de março. Co-patrocinava a conferência o Banco de Desenvolvimento da China.

Por Haroldo Lima, no Jornal do Brasil



Uma informação me chamou a atenção logo no início dos trabalhos, a de que o Banco dispunha de US$ 660 bilhões para investimentos, podendo financiar obras de infraestrutura a 1% ao ano, nos primeiros cinco anos dos contratos. Um debatedor chamou esse juro de “condição imbatível”. A conferência, que contou com a participação da Petrobras e de outras empresas brasileiras, revelou boa disposição para investimentos e refletiu o bom momento pelo qual passam as relações Brasil-China.

Em 1999, a corrente de comércio entre os dois países (exportações mais importações) foi de US$ 1,5 bilhão. Dez anos depois, elevou-se para US$ 36,4 bilhões. A partir de 1993, quando o então primeiroministro da China, Zhu Rongii, propôs uma “parceria estratégica” entre os dois países, todas as autoridades das duas nações passaram a defender essa iniciativa. Há uma base objetiva dessa parceria e de seu vertiginoso crescimento a partir de 2003. São sustentações econômicas e políticas. Em primeiro lugar, as duas eco nomias são complementares, até certo ponto.

A China necessita de energia e alimentação; o Brasil pode vir a ter grande disponibilidade energética e alimentar.

Em segundo lugar, politicamente, há convergências entre os dois países, como mostram posicionamentos semelhantes dos mesmos em diversas questões da agenda internacional.

Ambos respeitam a soberania dos povos, a integridade das nações, a não ingerência em assuntos internos, o tratamento diplomático das questões controversas.

Os dois países têm outra similitude: um, o Brasil, é o país em desenvolvimento que mais cresce nas Américas, o outro, a China, é o país em desenvolvimento que mais cresce no mundo. Nada dispensa, contudo, um exame mais atento do florescente comércio entre Brasil e China. Este nos mostra o peso que têm nas exportações brasileiras o minério de ferro, a soja e, recentemente, o petróleo. E, nas importações, o destaque dos equipamentos para radiodifusão e televisão, dispositivos para cristais líquidos (LCD), componentes de telefonia, telegrafia etc.

Além desse desequilíbrio na qualidade dos produtos exportados e importados pelos dois países – que pode ser corrigido sem traumas, no curso do tempo – outro aspecto chama a atenção. É que o setor de petróleo, gás e biocombustíveis tem, nesse quadro de alta efervescência, um papel absolutamente secundário. Na pauta das exportações brasileiras de 2009, petróleo e seus produtos correlatos representaram 7,2% do total, e do total das importações não passam de 0,03%. Há, portanto, amplo espaço a ser ocupado pelo setor do petróleo e de biocombustíveis na parceria estratégica do Brasil com a China.

Essa possibilidade vem ao encontro de oportunidade efetiva. O Brasil se prepara para ser um grande produtor de petróleo e a China já é um grande fabricante de equipamentos para o setor. Hoje, o Brasil pode aumentar sua produção de etanol de canade-açúcar, ou de segunda geração, enquanto a China não tem espaço físico disponível para culturas extensivas, como a de cana. Ao Brasil não interessaria, como já expressou algumas vezes o presidente Lula, transformar-se em grande exportador de petróleo bruto, mas sim de exportador desse produto refinado, vale dizer, de gasolina, com valor agregado em nossa terra.

À China poderia interessar a participação na exploração e produção do petróleo no Brasil, através de suas grandes estatais, e na fabricação aqui de seus equipamentos.

Este petróleo poderia ser refinado em planta local, ou eventualmente em uma nova, construída com recursos chineses. A exportação da gasolina assim refinada poderia ser feita sob a forma de gasolina C, seguindo as normas brasileiras, o que garantiria a exportação de 25% de etanol de cana-de-açúcar, no total do combustível exportado.

A próxima visita ao Brasil do presidente da China, Hu Jintao, em 15 e 16 deste mês, é uma oportunidade para temas importantes como esses serem tratados e, quem sabe, até introduzidos no plano de ação conjunta a ser assinado.

Em dez anos, o comércio entre os países passou de US$ 1,5 bi para US$ 36,4 bi

Há amplo espaço a ser ocupado pelo setor do petróleo e biocombustíveis na parceria estratégica
* Haroldo Lima é diretor geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo)

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