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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PCdoB reúne especialistas para debater economia baiana

A economia baiana e os desafios para seu desenvolvimento foram os temas centrais do seminário promovido neste sábado (1º/10), em Salvador, pela Fundação Maurício Grabois e o PCdoB na Bahia. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, da Bahiagás, Davidson Magalhães, o secretário Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Nilton Vasconcelos, e o economista Renildo Souza foram os palestrantes do evento, que contou com um grande público nos dois turnos.


Os aspectos políticos para o desenvolvimento do país foi o tema da exposição de Renato Rabelo logo na abertura do seminário. Segundo o presidente do PCdoB, para o desenvolvimento, o primeiro desafio é sempre político. “Porque á a política que define o rumo econômico, o caminho a ser trilhado pelo país na relação com o povo, com os trabalhadores. A política é premissa nesta questão. Por isso, que esta discussão de uma nova política macro econômica é antes de tudo uma discussão política e a base da economia que prevalece hoje é fruto de uma correlação de forças. Os setores financeiros dominantes tinham e ainda mantêm uma grande força. Se você quer mudar, você tem que primeiro construir uma nova aliança política e social, um novo pacto político para que a gente possa alcançar um novo patamar econômico”.

"Eu acho que as forças que têm mais nitidez do rumo a ser seguido, das propostas avançadas de desenvolvimento, que abra caminhos para que se possa construir uma grande nação, onde o povo alcance um bem estar e que a gente possa ser verdadeiramente uma nação grande, poderosa, têm um papel muito importante. O desenvolvimento do Brasil depende muito destes partidos mais conseqüentes e que tenham mais nitidez do caminho a seguir. Sem isso, a gente pode se perder. Porque é um processo político em que forças ainda poderosas querem manter a situação atual. o status quo, que beneficia eles, que dá muito privilégio a eles. Eles não querem sair disso”, acrescentou Rabelo.

O dirigente comunista defende ainda que o Brasil vem apresentando um novo modelo de desenvolvimento com foco na distribuição de renda, o que começou com o presidente Lula. “O caminho que a partir de Lula vem se tomando é o caminho onde o desenvolvendo econômico não pode ser feito sem concomitantemente você avançar na distribuição de renda, naquilo que se chama de inclusão social, e o desenvolvimento do mercado interno brasileiro, que é um grande mercado. Ou seja, este desenvolvimento não pode ser feito à custa de você aprofundar as dificuldades, que já são grandes. Pelo contrário, é reduzindo esta desigualdade que você dá força ao desenvolvimento, pois é mais gente comprando, é mais gente participando do mercado. É você ter um mercado interno forte e poderoso”, disse.

Para Rabelo o Brasil pode ter um desenvolvimento auto-sustentável, sem precisar da chamada poupança externa, de investimentos de fora, que podem ser simplesmente auxiliar, secundário, complementar. “Por isso que é fundamental esta relação de desenvolvimento com distribuição de renda, com inclusão e também com a participação dos nossos vizinhos. O desenvolvimento dos vizinhos tem que ser a tônica do Brasil também, porque é o maior país. E a medida que o Brasil cresce e se desenvolve e os vizinhos ficam atrasados, isso não beneficia o nosso país. Tem que haver um desenvolvimento harmônico neste sentido. É essa a verdadeira compreensão do desenvolvimento”, concluiu.

O caso da Bahia

As intervenções que se seguiram tiveram a Bahia e a sua economia como foco central. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, fez um panorama do desenvolvimento do estado na última década do século 20, quando era governado por Antonio Carlos Magalhães e seus aliados, e a primeira do século 21, quando o carlismo começou a perder força, culminado com a eleição do governador Jaques Wagner (PT) em 2006. Segundo o professor, embora o percentual de crescimento não tenha se alterado muito entre os períodos, o que se percebe na era pós carlismo é uma melhor distribuição do desenvolvimento entre as regiões do estado.

Para Gabrielli, uma dos grandes problemas da Bahia é a escassez de empresários que assumam riscos. “Os empresários da Bahia não gostam de correr riscos e isso inibe o crescimento do estado. Eu acho que é possível encontrar projetos que atraiam a iniciativa privada e tragam investimentos importantes que contribuam para o desenvolvimento do estado, a exemplo dos investimentos na área de logística, que têm atraído grandes redes nacionais de supermercados, que estão se deslocando para o Nordeste”, acrescentou.

Na parte da tarde, as palestras foram ainda mais esclarecedoras. Para começar, o economista e professor da Universidade Federal da Bahia Renildo Souza mostrou, através de dados, quais os principais desafios para o desenvolvimento econômico do estado. Logo em seguida, o secretário do Trabalho, Nilton Vasconcelos, falou da geração de emprego e renda no estado, que ainda possui um grande número de desempregados, principalmente na Região Metropolitana de Salvador.

Davidson Magalhães, da Bahiagás, encerrou o seminário apontando como grande desafio, saber como tratar a questão do desenvolvimento da Bahia a partir do novo projeto nacional de desenvolvimento. Ele citou então três pontos do projeto que têm tudo a ver com os problemas do estado: a necessidade de obras estruturantes, o fortalecimento do mercado interno e a atração de investimentos internacionais. Para ele, estes são os grandes problemas a serem enfrentados para o desenvolvimento econômico do estado.

“O seminário foi importante. Primeiro, pela qualidade dos palestrantes, tanto na parte da manhã, quanto da parte da tarde, que abordaram as questões políticas e econômicas do desenvolvimento da Bahia, fazendo uma avaliação importante para os militantes do partido tivessem uma visão mais crítica em relação à economia baiana, além de contribuírem para que o partido tenha uma visão mais crítica e também mais proativa. A participação do público também foi muito importante, tanto que o espaço ficou pequeno”, avaliou Carlos Valadares, da Fundação Maurício Grabois.

De Salvador,
Eliane Costa

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